Comunidade de Leitores Culturgest - 5º Livro
Para além da "Barragem... " estou a reler, também, a biografia de Duras por Laure Adler. (Ed. Gallimard, 2000). Embora os franceses a produzirem biografias me irritem um bocado - aqui, a autora passa a vida a fazer perguntas aos leitores, do género, "será que a Duras pensou isto, fez aquilo, viu o quê?" , o que é frustrante e pouco rigoroso - à parte estes pormenores, é interessante descobrir como é difícil escrever uma biografia sobre uma escritora que falou incessantemente de si própria e que, evidentemente, se "criou" a si própria, com todos os mitos, fantasias, verdades e mentiras a caberem no vasto campo da liberdade artística. Por essa razão é importante verificar que Adler fez pesquisa em inúmeros documentos, tanto em França como no Vietname (antiga Indochina, onde Duras nasceu) e conheceu bem Duras.
Quanto a "Barragem..." estou a gostar muitíssimo, talvez porque vivi bastantes anos "ofuscada" por "L'Amant" (1984) - e, já agora, por "L'Amant de La Chine du Nord" (1991) - livros nos quais ela reescreveu a história da sua infância. Em "Barragem Contra o Pacífico", o relato é mais cru, mais "limpo", mais cruel, também.
Depois de "A Herdeira" de Henry James, continuamos no território das relações familiares que, como toda a gente sabe, é uma reserva inesgotável para o criação do romance, como género. O circuito familiar é a arena onde se travam as batalhas mais ferozes, onde os sentimentos são mais fortes e as paixões mais exacerbadas. Se Catherine Slopper foi sacrificada pelo pai por ter dinheiro a mais, aqui é Suzanne - que poderá ser considerada como oposto de Catherine - quem é empurrada para o gesto sacrificial pela falta absoluta desse mesmo dinheiro.
Será assim?
Como podemos tratar a figura da mãe de Suzanne? E a do irmão? De que forma o ambiente em que vivem tem importância para o romance?
Até quarta-feira. Se me lembrar, colocarei mais perguntas. Alguém quer fazer o mesmo?
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