sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Programa da próxima COMUNIDADE de LEITORES


Comunidade de Leitores
Thomas Mann, nosso contemporâneo?
por Helena Vasconcelos
Imagem: Fotografia das mãos de Thomas Mann de Yousuf Karsh

QUINTAS-FEIRAS 19 de JANEIRO
2 e 23 de FEVEREIRO
8 e 22 de MARÇO
12 de ABRIL

Sala 1 • 18h30
Inscrições até 13 de janeiro (limite 40 pessoas) na bilheteira da Culturgest, pelo tel. 217905155 ou pelo e-mail culturgest.bilheteira@cgd.pt

19 de janeiro
Os Buddenbrook
Ed. Dom Quixote

2 de fevereiro
Tristão e Outros Contos
Ed. Ulisseia

23 de fevereiro
A Montanha Mágica
Ed. Dom Quixote

8 de março
Morte em Veneza
Ed. Relógio D’Água

22 de março
As Confissões de Félix Krull – Cavalheiro de Indústria
Ed. Relógio D’Água

12 de abril
Doutor Fausto
Ed. Dom Quixote


Com a “crise europeia” na ordem do dia, torna-se imperioso repensar a herança que nos coube do século XX, com os seus ciclos de destruição e renovação. Filósofos, escritores e artistas, em todas as áreas da Cultura, viveram intensamente a turbulência desses tempos de perigo, destruição, exaltação e cosmopolitismo e criaram obras perenes que se tornaram marcos de resistência à barbárie. Entre esses intelectuais que se destacaram, tanto pela obra como pela forma como viveram, está Thomas Mann, o alemão oriundo de uma antiga família hanseática que acabou os seus dias na Suíça, aos oitenta anos. Em 1901 Mann publicou Os Buddenbrook, uma saga com fortes traços autobiográficos, para a qual se socorreu das memórias e relatos da sua própria família e da sociedade, na sua cidade natal, Lübeck. Mann, intimamente ligado à cultura germânica, profundamente influenciado pelo humanismo de Goethe, pelo pensamento de Nietzsche e pelo lirismo de Heine e Schiller, foi também um homem do mundo, fruto do exílio e, também, das raízes familiares – a mãe de Thomas, Júlia da Silva Bruhns era brasileira filha de portugueses. Mann, o “escritor mestiço”, casado com uma judia, abandonou a Pátria ao dar-se conta do avanço nazi e da falência de uma Alemanha que renegava a sua própria herança cultural. A sua vasta obra é a prova cabal da sua resistência intelectual e da busca incessante pelo significado da existência. As suas ideias sobre a arte, o artista e o seu papel no mundo (Morte em Veneza, Doutor Fausto), o inferno da pulsão erótica, o conflito entre vida e morte, (Tristão e outros Contos), o absurdo existencial, bem como uma ironia caustica que atravessa obras como A Montanha Mágica (uma meditação profunda sobre a experiência espiritual e mental do ser humano) e Félix Krull, fazem dele um escritor total, um homem lúcido e genial que não se eximiu de explorar as suas próprias ambiguidades e fraquezas e de questionar a nossa matriz clássica europeia comum.
Thomas Mann ganhou o Prémio Nobel em 1929. Foi um dos poucos intelectuais alemães que nunca se enganou em relação a Hitler.

In this current “European crisis”, it is crucial to rethink the legacy we have inherited from the 20th century, with its cycles of destruction and renewal. Of the philosophers, writers and artists who lived through these turbulent times and left us with enduring works denouncing the barbarity, one of the few German intellectuals who refused to be taken in by Hitler was the 1929 Nobel Prize winner, Thomas Mann, a man of the world who died in exile in Switzerland, aged 80, a total writer who never ceased to explore his own ambiguities and weaknesses and to question our common European heritage.