É já na próxima quarta-feira, dia 25 de Março, a última sessão desta série, da Comunidade de Leitores na Culturgest. O livro que vamos discutir é " O Parque de Mansfield" de Jane Austen.
Não existe nenhum escritor que se tenha preocupado tanto com o dinheiro e com a felicidade como Jane Austen. Com ela estão mesmo intimamente ligados. Tão intimamente que há muita gente que a apelida de cínica. Aliás, Austen, uma das poucas autoras que se aproxima de Shakespeare naquilo a que Harold Blomm chamou a "invenção do humano" é muitas vezes mal compreendida.
Para começar, os seus romance são cómicos e as figuras que ele recria nunca deixam de passar pelo escrutínio do seu olhar atentíssimo e irónico. (Mesmo quando a ironia é simpática e terna). Depois, ela é a construtora de um universo cheio de vida, de pessoas, animais, coisas, casas e paisagens que são examinados à lupa e descritos com uma minúcia invejável. E, embora ainda não existisse Freud nem a psicanálise, ninguém como Jane para desvendar os segredos e mistérios da alma humana com todos os seus pecadilhos e (alguns) belos sentimentos.
Vejamos "O Parque de Mansfield": como interessar os leitores por este romance, o primeiro da idade "madura" da escritora, em que não existe nenhuma personagem totalmente aceitável e em que o "par romântico" que ocupa o cerne da narrativa é composto pelas duas pessoas mais aborrecidas e sem graça da história da literatura? Fanny é uma autêntica "lula" e Edmund não lhe fica atrás. Nem um nem outro são interessantes ou particularmente inteligentes, espirituosos ou belos. São ambos muito bonzinhos e, se acabam por ficar juntos, não é porque tenham feito qualquer esforço para isso. São as próprias circunstâncias - e os erros dos outros - que finalmente os empurram para os braços um do outro. (É um pouco como no futebol quando uma equipa ganha graças às asneiras e aos autogolos da equipa contrária!)
Assim, deixo aqui, as duas primeiras perguntas: o que é mais interessante em "O Parque de Mansfield"? Qual a personagem determinante, em toda a acção?
Como sabem, Jane Austen tem provocado, nos últimos anos, uma autêntica mania. Não têm conta os filmes, as séries de televisão, os artigos, os livros. Há tratados inteiros sobre a moda, a jardinagem, a arquitectura, a culinária, a música, os transportes, as jóias e acessórios, nos romances de Jane Austen.
Podem ter uma ideia se consultarem este blog http://janeaustensworld.wordpress.com/
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