domingo, 4 de janeiro de 2009

De regresso e o fim de Harold Pinter

4 de Janeiro, 2009

Já acabei o livro de Goliarda Sapienza, "A Arte da Alegria". Agora tenho que escrever a recensão para o Público. A segunda parte entusiasmou-me menos mas, no total, não deixou de ser uma leitura interessante.


Entretanto, em Dezembro, morreu Harold Pinter, em Londres, aos 78 anos. Era um dos meus dramaturgos preferidos, quando andava pelos meus 30, 40 anos. Agora, há muito tempo que não leio as suas peças nem as vejo representadas. (E lembrar-me eu de largas doses "pintereanas" quando ia a Londres e corria a ver Teatro...!) Aproveito para lembrar que , em Portugal, há pouca coisa publicada deste Prémio Nobel (2005). Descobri "Teatro I" e "Teatro II" da Relógio D'Água e "Os Anões e Outras Peças" da Quasi Editores.
James Fox e Dirk Bogarde em "The Servant"

Pinter foi o escritor que colocou em cena tudo o que é terrível e vergonhoso nas relações quotidianas, fazendo realçar o tremendo ruído dos silêncios. Não poupava nem homens nem mulheres e responsabilizava-os pelos confrontos e violência ( física, psicológica) dentro das relações amorosas e familiares. Das mais de 30 peças de teatro que escreveu, destaco “The Birthday Party,” “The Caretaker,” “The Homecoming” and “Betrayal” . Foi ainda actor, ensaísta, poeta e guionista para além de ter sempre defendido a liberdade de expressão e lutado contra qualquer tipo de censura. O seu profundo envolvimento com o cinema traduziu-se no trabalho com Joseph Losey que começou em 1963 com "The Servant". Seguiu-se "Accident" (1967) e "The Go-Between" (1971) uma adaptação do romance de J.P. Hartley. Era casado com a historiadora e biógrafa Lady Antonia Fraser.
Embora o teatro de Pinter seja um retrato - que nos parece já bastante longínquo - da sociedade do século XX, talvez algum (uns) dos nossos directores teatrais tenham curiosidade em pegar nas suas peças. Agora.
Gostaria de organizar uma Comunidade de Leitores dedicada ao Teatro. Ler peças é complicado mas muito compensador. Recordo quando lemos "Hamlet", na Culturgest... Nem todos tiveram paciência mas os que a tiveram, ficaram bastante satisfeitos.

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