COLLECTED STORIES - Will You Please Be Quiet, Please? What We Talk About When We Talk About Love, Cathedral, Stories from Furious Seasons, Fires, and Where I’m Calling From, Other Stories and Selected Essays, Beginners Edited by William L. Stull and Maureen P. Carroll
O prazer que, cava vez mais, sentimos ao ler Raymond Carver, o escritor americano que morreu em 1988, com cinquenta anos, advém de múltiplos factores: a sua capacidade para desenhar cenários miniaturistas onde personagens comuns de repente se encontram em situações bizarras, a capacidade para, em poucas linhas, criar um universo completo, uma atmosfera e a corrente de sensações e paixões entre as pessoas. Chamam-lhe, com justiça, o génio da escrita minimalista, escrita essa que tem influenciado gerações de escritores , desde então. Mas uma nova edição dos seus contos mostra que a escassez de palavras aliada a uma mestria perfeita são fruto, não só da já famosa "falta de tempo" - ele tinha múltiplos empregos e nenhum dinheiro - que o obrigava a escrever em pequenos pedaços de papel nos lugares mais improváveis mas, também, porque o seu editor, Gordon Lish lhe cortava drasticamente - mesmo brutalmente - os contos. Lish foi primeiro editor de Carver na revista Esquire, a seguir na McGraw-Hill, onde foi publicado o seu primeiro volume de contos "Will You Please Be Quiet, Please?" (1976) e, mais tarde na Alfred A. Knopf que publicou o livro que o tornou famoso (também de contos) "What We Talk About When We Talk About Love". A segunda mulher de Carver, a poeta e romancista Tess Gallagher tem conservado e divulgado a obra do marido e recuperou alguns contos na versão anterior à "censura" de Lish. Por isso, aconselho uma releitura de Carver - está editado em português. É uma lição de bem escrever.