Em Setembro, começará a segunda das Comunidades de Leitores deste ano, 2009, na Culturgest. Eu sei que já tinha dado uma primeira indicação em relação aos livros escolhidos mas acabei por mudar dois deles. O primeiro foi "A Montanha Mágica" de Thomas Mann porque é uma obra que merece, pelo menos, três sessões e não apenas uma: há demasiadas questões, demasiada informação e muitas páginas para serem deglutidas em 15 dias. O segundo foi "O Paciente Inglês" de Michael Ondaatje porque tive reclamações. (Muita gente já o lera. )
Com estas explicações, espero que a nova escolha agrade a toda a gente.
Já enviei o texto para a Culturgest.
E aqui fica a versão definitiva:
A Imagem é de Eugéne Delacroix e o quadro em questão chama-se "Heliodorus expulso do Templo"
O Tema é :
"Confrontos, Guerras, Escaramuças"
E os Livros:
24/09 - "A Costa dos Murmúrios", Lídia Jorge, Ed. Dom Quixote
8/10 - "A Obra ao Negro", Marguerite Yourcenar, Ed. Dom Quixote
29/10 - "Lillias Fraser", Hélia Correia, Ed. Relógio D'Água
19/11 - "Love", Toni Morrison, Ed. Dom Quixote
3/12 - "Corpo Presente" Anne Enright. Ed. Gradiva
17/12 - "O Mar", John Banville, Ed. Asa
“Só os insensatos preferem a guerra; em tempo de paz, os filhos enterram os pais; em tempo de guerra, os pais enterram os filhos.” Heródoto
Vivemos em guerras permanentes, verdadeiras e falsas, grandes e pequenas; entre países, raças, culturas, no seio de comunidades, de associações, de famílias. Lutamos contra os elementos, contra as políticas, contra a pobreza, contra a riqueza, contra quem amamos, contra quem odiamos e contra nós próprios. Nesta Comunidade iremos reflectir sobre as várias faces da Guerra ou, melhor ainda, sobre a Face das várias guerras, começando por aquela que nos é sugerida pela leitura de “A Costa dos Murmúrios”. Este é um dos três romances que abarcam um tempo “histórico” e que ocuparão a primeira metade desta Comunidade. Aqui, trata-se da Guerra Colonial que funciona como um cenário, uma respiração, uma espécie de doença que a todos aflige, embora de maneiras diversas. No entanto, o que verdadeiramente se passa está relacionado com confrontos entre géneros, com a subordinação sexual, as lutas de raças e de ideologias, as escaramuças contra o poder patriarcal e colonial . Acontece sempre algo semelhante em tempos perturbados por grandes mudanças, como em “A Obra ao Negro”, onde Zenão, médico e alquimista do século XVI, luta pela liberdade da acção e do pensamento, na passagem da Idade Média para o Renascimento. E, no século XVIII, Lillias Fraser, a menina dos olhos dourados e poderes sobrenaturais, escapa da Escócia para Portugal depois da mortífera batalha de Culloden.
Das Guerras públicas passaremos para as privadas em “Love”, onde uma luta implacável é travada entre duas mulheres por causa de um homem, Bill Cosbey, que já está morto no início da história. Christine, a neta, e Heed, a viúva, não admitem tréguas, apesar de serem da mesma idade, viverem debaixo do mesmo tecto e terem sido amigas na juventude.
Em “Corpo Presente”, conta-se a velha história das batalhas familiares. Desta feita, trata-se da dos Hegarty, os irlandeses com olhos de um azul intenso e alucinado, dados ao alcoolismo, ao humor negro e à tendência para a autodestruição. Há um corpo a enterrar tal como em “O Mar”, um romance sobre a luta contra o esquecimento, na memória eternamente incandescente de Max Morden, o homem que foi menino e salvo pela família Grace.
Em última instância, todas as lutas são contra a morte, embora se morra sempre ( e se mate), lutando.
Nota: por favor, não se esqueçam de confirmar as datas quando sair o Programa da Culturgest.