sábado, 28 de fevereiro de 2009

1ª Comunidade de Leitores 2009 Culturgest


Estamos a caminho da próxima etapa, isto é, da discussão em torno de "Washington Square", ou "A Herdeira" (em português da Ed. Estampa ) de Henry James. Espero deixar aqui algumas notas e questões, antes da sessão.


Ainda em relação a "O Último Magnate" de Scott Fitzgerald, no passado dia 25 de Fevereiro, e respondendo ao repto de criar um final para o inacabado romance, recebi uma interessantíssima proposta - várias propostas - de Jorge Almeida. Aqui vai o teor da sua mensagem:


"Caros (as) Participantes da Comunidade de Leitores

Aceitando o desafio de imaginar como poderia acabar a história do magnate, mas sem capacidades para o descrever de forma literária, opto por o fazer na forma de 10 ideias soltas.

Recomeço a história no momento em que Stahr descobre a traição de Brady.

1 - Cecília alerta Stahr para as intenções do seu pai. Stahr resolve enfrentar o adversário mas recusa desde o primeiro momento fazê-lo nos mesmos termos.


2. O seu sustentáculo vão ser os accionistas e os trabalhadores. Para financiar aumentos salariais e conseguir o apoio do sindicato desiste temporariamente do seu filme "artístico" que faria perder dinheiro aos accionistas.

3 - Consegue que o Príncipe da Dinamarca invista na produção de uma nova grande metragem.
Com os aumentos salariais e a intervenção de alguns homens que o seguem incondicionalmente consegue que o Sindicato o apoie.
Reata relação com Kathleen e o marido desta descobre e tenta fazer chantagem com Stahr que o enfrenta. Cecília resigna-se: Stahr não será seu.


4. Stahr parte para Nova Iorque negociar um empréstimo decisivo para o futuro dos Estúdios e que, a ser concedido, convenceria finalmente os accionistas a afastar Brady. No avião conhece um jovem e brilhante cirurgião a quem conta o seu problema de saúde. Ao chegar a Nova Iorque Stahr desmaia. É levado para o hospital. Quando acorda, com Kathleen à cabeceira, o jovem médico comunica-lhe as boas notícias. Foi operado. Está curado. Vai viver.


5. Consegue o empréstimo. Regressa triunfante. É recebido como um herói. É de novo o grande magnate. Brady é afastado mas jura vingança. O assassino que contratou recebe ordem para avançar e matar Stahr no jantar da Assembleia Geral de accionistas.


6 - O marido de Kathleen regressa para tentar fazer chantagem a Stahr. Combinam encontrar-se. Stahr leva uma quantia avultada para lhe dar. No último minuto arrepende-se e recusa pagar-lhe. O marido de Kathleen rouba-lhe o casaco para ficar com a carteira. Ao sair o assassino confunde-o com Stahr e mata-o. A polícia prende o assassino que acaba por confessar. Brady vai preso. Cecília regressa à Universidade. Stahr e Kathleen entram juntos, no Estúdio.

Aproveito este ensejo para a todos convidar a visitar o blogue (
http://livros2009.blogspot.com/) que mantenho sobre as minhas leituras. "

Estas propostas prestam-se a discussões que poderemos manter, aqui, neste espaço. Para já gostaria de saber pelo nosso amigo médico e companheiro da Comunidade se a hipótese 4 seria viável, naquele tempo. Sabemos que Stahr sofre de um problema cardíaco, tão sério que o médico que o acompanha lhe dá pouco tempo de vida. Não seria esta a forma de o autor o condenar, desde o início - nenhuma salvação - uma vez que ele seria o "último" magnate? Ou este "último" terá a ver com o fim de uma era, de uma determinada mentalidade, de uma forma "nobre" de agir em relação aos outros?

Aqui ficam as sugestões. Boas leituras. E não se esqueçam de ir consultando o blog do Jorge. Tem óptimas sugestões.




quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Comunidade Leitores Culturgest 1ª 2009


"O Dinheiro e /ou a Felicidade" é o tema que atravessa as nossas leituras nesta Comunidade. Depois de "Status. Ansiedade" de Alain de Botton, discutimos "Money" de Martin Amis, discussão essa que não pude acompanhar, aqui no blog, pelas razões que já conhecem. Tive pena, uma vez que a sessão na Culturgest foi fantástica, acesa, muito útil e entusiasmante.

A próxima obra a ser escrutinada - no dia 25 de Fevereiro - será "O Último Magnate" de Scott Fitzgerald ( 1941). Como sabem, foi o último romance do escritor americano, que o não chegou a acabar. Foi o escritor e crítico Edmund Wilson, amigo de Fitzgerald ( mais amigo para o fim da vida do escritor) quem editou o livro e o fez publicar. "O Último Magnate" é um romance de fim de vida, amargo em relação ao universo muito específico de Hollywood e desencantado no que diz respeito ao "grande sonho americano", em geral. Tal como acontece em "O Grande Gatsby", são os mais idealistas os que sofrem, principalmente de desilusão e vazio, num mundo materialista e fútil.

A história do produtor Monroe Stahr, que possui tudo e nada tem, é paradigmática deste sentimento, desta sensação niilista e "moderna". ( Comparar com "The Waste Land" de T.S. Eliot e ler "A Diamond as Big as the Ritz", um conto do próprio Fitzgerald.)

Para muitos críticos, este romance seria o melhor de Scott Fitzgerald e a personagem de Monroe Stahr é definitivamente considerada como a mais perfeitamente conseguida na sua galeria de figuras.

Algumas pistas para discussão:

- Porquê Hollywood como principal cenário?

- Como definir o judaísmo de Monroe Stahr - atenção ao nome

- Como classificar a forma como Stahr "faz negócios"

- Quais as diferenças - e semelhanças - entre as principais personagens femininas - Cecelia Brady e Kathleen Moore. ( Moore/Monroe) O que é que cada uma representa?

- Porquê as referências enfáticas a aviões?

- O que representa o tremor de terra em Los Angeles? Se é que representa alguma coisa?

- Porque é que Kathleen, a princípio, se sente "ameaçada" por Stahr, pela sua intensidade?

- Stahr tem uma casa por acabar, um amor que não se concretiza, vive para o trabalho, não tem saúde. O que quis o autor dizer ao criar esta personagem?


Bem, com isto, já ficamos com algumas pistas. Não esquecer que o título do livro completo, em inglês, é "The Love of the Last Tycoon: A Western". Revelador, não acham?

Até quarta...

Emergir do silêncio

Emergi! Regressei! Um mês, praticamente, sem Internet. Depois de um fugaz momento de ligação ao mundo, esta desfez-se novamente e cá andei a resmungar e a sentir-me longe de tudo e de todos. Mas de nada serve voltar ao passado, carpir mágoas, remoer pragas. Agora, já estou ligada, embora não muito, uma vez que vou para fora do País durante uns dias - até dia 25 de Fevereiro.
E, para começar, obrigada a todas e todos que "postaram" comentários. Obrigada Raul, obrigada Fátima Biscaia. Vou tentar fazer o meu melhor em relação à ideia de uma Rede Nacional de Leitura para Seniores, contactando a Direcção Geral dos Livros e das Bibliotecas e a Fundação Calouste Gulbenkian. Concordo com a Fátima : no geral, tratam as pessoas mais velhas como se fossem crianças, infantilizam-nas. É humilhante. Constato essa realidade pela minha mãe - que é uma mulher de vigorosos 84 anos, cheia de lucidez e de criatividade, uma grande leitora - e por muitos outros exemplos.
Talvez seja possível, através dos livros, mudar esta situação.
Entretanto, divirtam-se durante o Carnaval. Nós merecemos.
Boas leituras.